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A artista reinventa situações contadas pelas mulheres de sua família. São histórias vividas no interior de um Goiás rural, o Brasil ao longo do século XX, cenas ressignificadas para explicitar uma realidade bruta, não por acaso quase animalizada.

 

O passado é recriado a partir da perspectiva do feminino, articulando elementos cotidianos e espaços de convívio comumente ignorados pelas narrativas tradicionais. Por isso, mulheres, crianças e animais são figuras recorrentes em capoeiras, entre os varais e as roupas estendidas no quintal, a cozinha do lado de fora da casa.

Mulher e galinha compartilham protagonismo e se confundem. A sobreposição é ambígua e ativa, uma tensão entre instinto e disciplina que subjuga ambas a processos de domesticação. Em movimento semelhante, as crianças disputam lugar com cães e porcos, assumindo o papel  antes de crias, mais filhotes que filhos.

 

Localizadas em um interior pré-industrializado do país, as situações retratadas remetem a um passado com o qual ainda nos identificamos. A palheta rebaixada, as sobreposições e as transparências deslocam figuras e ações para revelar práticas de sujeição que ainda reconhecemos.

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